O CRIME DO HORÁRIO LIVRE CONTRA OS COMERCIÁRIOS.

 

Uma enxurrada de projetos de lei pedindo o horário livre do comércio tomou conta das Câmaras de Vereadores das cidades catarinenses neste ano de 2017. Por pressão de entidades empresariais e de grandes empresas do comércio, como a Havan, os trabalhadores estão sendo obrigados a trabalhar de domingo a segunda, perdendo seus preciosos finais de semana de descanso. Em algumas cidades, os sindicatos dos trabalhadores ainda lutam bravamente contra esta arbitrariedade. Já os comerciários, acumulam revolta contra a ganância e a ignorância dos empresários catarinenses.


O horário livre do comércio é pauta antiga dos empresários brasileiros e catarinenses. Começou com a chegada das multinacionais do varejo no Brasil nos anos 80 e 90, que buscavam ampliar seus lucros através da superexploração dos trabalhadores brasileiros. Os grandes empresários brasileiros gostaram da farra e, desde então, empurram goela abaixo dos trabalhadores a ideia de que o horário livre é uma necessidade para flexibilizar as relações de trabalho e gerar empregos. 


Este discurso, no entanto, não passa de pura ideologia. O que foi notado nas últimas décadas, desde que esta praga começou, foi apenas: 1) a redução relativa do número de trabalhadores por empresas; 2) a ampliação do poder das grandes empresas do varejo e a quebradeira das pequenas; 3) o aumento da intensidade do trabalho e a perda de direitos e qualidade de vida dos trabalhadores; com claros reflexos sobre 5) a desestruturação das famílias e a ampliação da violência urbana.


Com a atual guerra de classes decretada pela elite contra os trabalhadores – comandada pelo corrupto Michel Temer e que se consolida na destruição das leis trabalhistas – as empresas do comércio passaram a ampliar sua agressividade na busca pelo horário livre. Se nas grandes cidades do estado isso já era um fato há longo tempo, a ofensiva deste ano foi contra as cidades do interior. Cidades como Joaçaba e Maravilha, viram a aprovação do horário livre em tempo recorde nas câmaras de vereadores. Já cidades como Concórdia, Caçador e São Miguel do Oeste ainda lutam para tentar barrar os projetos.


O cúmulo da canalhice empresarial chegou na última semana em São Miguel do Oeste. Não contentes em liberar o horário do comércio, os vereadores querem conceder isenção fiscal – imposto zero – para os empresários que abrirem suas portas em alguns domingos e feriados. Ou seja, dizem que existe uma crise no país, que não tem dinheiro para educação, saúde, saneamento básico, segurança e salários de servidores, mas não perdem a oportunidade de ampliar o assalto dos empresários contra as contas do município.


O que se tem notado é grande repúdio popular contra os empresários que defendem o horário livre. Trabalhadores se organizando em grupos de whatsapp para denunciar os vereadores e empresários que querem destruir suas vidas. Entidades sindicais, religiosas e de moradores apoiando a luta dos sindicatos dos comerciários. Vereadores combativos defendendo os trabalhadores e sofrendo pressão das entidades empresariais e das prefeituras aliadas dos capitalistas.


Os sindicatos dos trabalhadores no comércio lutarão até o fim contra esta arbitrariedade. Temos a certeza que o horário livre é uma agressão contra o povo mais pobre das cidades, quase um retorno à escravidão. Mesmo que formos derrotados nestas batalhas, faremos os defensores deste crime pagarem o devido preço político. A luta não para, a revolta do povo contra empresários e políticos só aumenta. Que não se enganem, o povo que acumula raiva e sofrimento não tardará em se levantar e varrer toda a podridão do nosso país.


Florianópolis, 13 de novembro de 2.017


Francisco Alano
Presidente da FECESC – Federação dos Trabalhadores no Comércio no Estado de SC